sábado, 30 de outubro de 2010

Ocupados

          "Tec, tec, tec, tec, tec... É o único barulho que se ouve aqui na redação. Eu e mais outras dezenas de pessoas ocupados em concluir sua parte no exemplar do dia, e se concluído, adiantar as matérias do dia seguinte. Computadores e mentes juntos, trabalhando sem parar.
          Uma sirene toca, é anunciada a hora do almoço. As pessoas, mudas e exaustas, se dirigem à porta para cada uma tomar seu rumo. Quase sempre sozinhas, quase nunca em casa, os trabalhadores fazem suas refeições para poder aguentar o resto do expediente. Comem rápido para voltar logo, mas comem muito para não ter que interromper novamente o trabalho no meio da tarde.
          Passada meia hora no máximo, eu e outros, os mais dedicados pelo menos, já estávamos de volta aos nossos computadores. Trabalhando arduamente para, quem sabe, conquistar uma promoção. Com ela haveriam mais atribuições, mas em compensação o prestígio e o poder seriam maiores.
          No meio da tarde uma mulher passa com um carrinho entre as máquinas, digo, entre as pessoas. Ela oferece café, muitos aceitam, pois precisam espantar o cansaço que os envolve. Eu recuso. Até que um cafezinho cairia bem, tão quentinho. Mas não posso me dispersar com nada. Quem sabe quando eu chegar em casa...
          Casa? Comecei a pensar se quando eu chegar lá minha mulher ainda estará acordada para me preparar um café. Acho que não. Terei eu mesmo que preparar, espero não estar cansado demais para isso. Eu sabia que já deveria ter comprado aquela máquina de café expresso para facilitar em situações como esta, ela é mais prática, me pouparia tempo.
          Ah, droga! Não acredito que perdi o foco. Agora vou ter que estender meu tempo aqui por hoje. É, ficarei até mais tarde, o café quem sabe amanhã. Tec, tec, tec, tec,tec..."

Maria Clara Queiroga de Figueiredo

domingo, 10 de outubro de 2010

Sinta...

             Se há algo melhor que o amor, eu ainda não conheço. Não só o amor às pessoas ou coisas, mas ao amor por atos, momentos, palavras ou silêncios. Tudo aquilo que nos faz bem, que traz uma verdadeira sensação de paz e bem estar. Fazendo-nos saber conviver com as dificuldades e adversidades que por ventura aparecerem em nosso caminho.                                                                  
            É algo tão grande que não se pode guardar só para si, quem ama a si próprio irradia este amor. Criando, dessa forma, uma atmosfera onde reina a reciprocidade em sua mais agradável forma.
             Então, porque será que tantos fazem questão de não amar se tudo fica mais fácil e melhor com o sentimento?


Maria Clara Queiroga

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O sorriso

             Outro dia, na rua, me deparei com um sorriso. um sorriso puro e despreocupado, desses que estão cada vez mais raros. Era, também, sincero e espontâneo. Por trás do sorriso havia um senhor sujo, mal vestido e com uma carroça de papel nas costas.
             Ao presenciar aquela cena fiquei inquieta. Comecei a me questionar qual seria a razão de toda a felicidade daquele senhor. Como poderia ele vivendo em tais condições, com o trabalho que exercia e com as roupas que vestia, permanecer com aquela expressão serena estampada em sua face?
             Naquele momento pude realizar que a felicidade está muito além das razões materiais, de tudo aquilo que é terreno. Mas, que devido a um constante bombardeamento de padrões a que a sociedade está submetida, acaba sendo criado um paradoxo de que a nossa felicidade está vinculada a certas futilidades.
             Mas e aquele senhor? não creio que sua alegria estivesse motivada pelo dinheiro, por carros, roupas ou viagens. Sei que ele não desfrutava de nenhum destes. Diante do fato, compreendi que a felicidade está na VIDA. O fato de acordarmos todos os dias que passam já merecia um sorriso.
             Certamente aquele senhor estava feliz por poder aproveitar aquele momento trabalhando para promover o sustento de sua família. Esta, que estaria a o esperar no fim do dia também com alegria.
             Penso que se todos víssemos também a vida com esses olhos, como aquele senhor a via, valorizaríamos tudo que nos é proporcionado. Não deixaríamos que o nosso contentamento se deixasse levar pelos bens materiais, no dia-a-dia eles não tomariam o lugar dos valores reais da vida. Dessa forma, não haveria nada que nos impedisse de enxergar aquilo que realmente importa e é para sempre.
Viveríamos mais! Logo, choraríamos menos e sorriríamos muito mais!


Maria Clara Queiroga

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PAZ


          Hoje, dia da paz, nos pediram para que deixássemos as fardas em casa e usássemos roupas brancas. Será que com a real intenção de propagar a paz? Talvez tenha sido só mais uma forma de exposição com atos superficiais, para disfarçar a função "marqueteira".
          Mas e a parte social? A parte que realmente ajudará na construção de um mundo harmônico, um mundo de unidade. De nada adianta a roupa branca se não for trabalhado o lado da consciência, da formação na cabeça de cada um do conceito de respeito e amor ao próximo.
          Corruptos podem vestir branco, terroristas e bandidos também. Estarão eles agindo pela paz?
Não vista a cor da paz, vista o ideal!


Maria Clara Queiroga